Pular para o conteúdo principal

Encarnado

Uma alma entre ossos a vagar,

correr e gritar

não são opções

contra seus grilhões.

Os rios, os ventos,

libertos pela força da natureza

lhe invejam

a decadência da carne,

sua pobreza.

E nos instantes

mais íntimos

de sofreguidão tamanha

estende-se

misteriosa mão

coberta de luz

e lhe apanha.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reaprendendo a andar

Reaprendendo a andar, um passo de cada vez.. Bem devagar. Pisando em pedras, escorregando e calejando. Na sola do pé machucada sobre o piso frio de mármore, onde antes era macio, hoje há bolhas no lugar. Um passo de cada vez. Bem devagar. O tato que nunca esconde o quanto é importante tocar. Ser tocado e sentir dor, mas persistir até cansar. Um passo de cada vez. Bem devagar.

Nos campos sem concentração.

Cada pasto que alimente seus cavalos e que as flores não sejam vítimas do acaso. Do desespero sem sossego da fome não controlada falando mais alto que o bom senso, ou cujo instinto só é fomentado por ocasião da incidência da coincidência.

Cadê o meu grão de areia pra eu transformar em pérola?

    Uma confusão astronômica.     Muita chuva e vento.     Tornados e até tufões na minha cabeça,     caos pra todos os lados.     O mar está agitado.     Alguém viu aquela árvore cair sobre o carro?     O que foram aqueles trovões e relâmpagos?     Estrela cadente que é bom nada, né?     E o disco voador pra me inspirar sobre o desconhecido?     Anteontem escrevi uma música     e hoje já não lembro mais como cantá-la.     Cadê o meu grão de areia pra eu transformar em pérola?     Quer saber, vou fazer esteira de olhos fechados     para, pelo menos, parecer que eu estou fugindo.