Eu vim aqui para falar das mulheres, fêmeas efêmeras, de passos passageiros e marcantes na carne, no sangue, no corpo e na alma. Mulheres que acalmam, que precedem a paz do paraíso nos milésimos que antecedem o gozo, a dança, o balé na cama, o adágio antes da pirueta. Eu vim aqui falar de coxas que se abrem para receber amor e dar a vida ao mundo cão. Das peles macias, dos cheiros doces, que lembram flores, que lembram frutas, que fazem salivar. Fazem da dor um grande prazer, da aspereza das paredes que roçam na carne nua às súbitas trocas de corações decadentes por outros mais ardentes. Às atrozes, às algozes, às belas, às inteligentes, às mentes, os dentes, às fortes, aos seus pés, sempre.